Zona de Belmonte encontra com o Flareless estratégia par mitigar riscos de propagação do fogo em florestas

Cidade berço de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, Belmonte é uma cidade do distrito de Castelo Branco, em Portugal, com pouco mais de 6 mil habitantes que guarda historicamente muita proximidade com o nosso país. Um dos primeiros “administradores” da cidade foi justamente o pai de Cabral, Fernão Cabral, ainda no século XV – uma das épocas de maior destaque tanto do Castelo de Belmonte, principal edificação da cidade, como do município de Belmonte, propriamente dito.
Zona historicamente acometida por incêndios florestais, Belmonte procura, desde o início da década passada, prever situações de risco graças ao Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil. A partir dele, outro instrumento importante é o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios, deliberado e aprovado pela Câmara Municipal em Maio de 2021.
O plano prevê, entre outras medidas, as acções necessárias à defesa da floresta contra incêndios e, além das acções de prevenção, inclui ainda a previsão e a programação integrada das intervenções das diferentes entidades envolvidas perante a eventual ocorrência de incêndios florestais.
Cliente da Quiron desde Março de 2021, a gestão pública municipal e demais entidades de protecção civil de Belmonte utilizam informações reportadas pela ferramenta Flareless, de predição de incêndios, como instrumento essencial para análise de possíveis focos de queima, graças às análises semanais de risco, fornecidas pela Quiron totalmente de forma remoto. A partir deste detalhamento, são comparadas informações correlacionadas do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), agência pública portuguesa.
“O Flareless traz uma grande vantagem nisso, porque o dado do IPMA nos oferece uma análise de risco para o Concelho todo, ou seja, ele cria uma média, e nos diz se para aquela média, o risco de incêndio pode ser reduzido, moderado, ou aumentado. A questão é que não particulariza como o Flareless, que consegue ir no pormenor do píxel, e assim eu consigo, mesmo num território pequeno, como Belmonte, ter variações até mesmo significativas, num espaço de um ou dois km², numa área que não é assim tão grande, enquanto que a entidade oficial aqui de Portugal não faz isso”, lembrou Luís Carvalho, bombeiro que também ocupa a função de Coordenador da Protecção civil de Belmonte.
Black dots como indicativos de intervenção local

Imagens dos nove mil hectares monitorados pelo Flareless em Belmonte indicaram mais de 40 black dots (pontos mapeados como de risco elevado), em meados de Agosto de 2021. Os algoritmos da Quiron analisam 12 variáveis, antecipando situações problemáticas e mitigando o risco de incêndios intempestivos e descontrolados, situação que já ocorreu na região.
“Essas indicações de black dots podem já servir para antecipar a localização das equipes. Assim há um ganho de deslocação enorme já que em cinco ou dez minutos consigo colocar alguém no extremo norte ou sul da região. Os black dots nos permitem tomar medidas de contingenciamento de riscos, mantendo aquelas áreas sob vigilância em dias mais críticos”, salientou Carvalho.
Tendo em conta os bons resultados reportados pelo Flareless, que é usado também em outras localidade do país, como Idanha-a-Nova, Loulé, Lousã e Fundão – onde terá uma unidade local da empresa – Luís planeja incentivar a adopção do mapeamento para decisores hierárquicos.
“A minha ideia é, para o ano de 2022, apresentar os dados do Flareless ao escalão superior aqui do distrito, para lhes dizer que eu, enquanto decisor local, tenho acesso a uma informação que me permite complementar a informação do IPMA, buscando despertar o interesse deles, porque havendo uma ocorrência, eu posso rapidamente visualizar o mapa e tão logo ver se aquele incêndio tem potencial para desenvolver muito rapidamente, ou não”, disse.
A Quiron tem mais de 54 mil hectares monitorados pelo Flareless, actualmente, em Portugal, fornecendo informações estratégicas para o monitoramento de áreas na península Ibérica – incluindo Espanha, que passará a contar com 2 mil hectares analisados pelo Flareless.